Cinco coisas em que a teoria musical pode te ajudar
Este post começa com uma breve história pessoal entre a teoria musical e eu.
Quando eu comecei a estudar música, lá por volta de 2001, eu não me interessava em aprender teoria. Queria só aprender a tocar minhas músicas favoritas na guitarra, e achava que entender de escalas e acordes não ia me ajudar nisso. Meu professor insistiu uma ou duas vezes pra me ensinar a escala pentatônica, e eu até tentei, mas achei que aquilo estava entrando na frente de aprender a tocar Holy Diver que nem o guitarrista do Dio.
Fiquei um ano com essa mentalidade. Acabei mudando de escola de música e fui parar na sala de aula de um excelente guitarrista, Roger Benet, que sem nem perguntar nada já foi me explicando o que eram os intervalos. Fiquei besta: alguém já organizou todo esse conhecimento antes? A música não depende só da minha inspiração e de tentar imitar os outros até chegar num resultado satisfatório?
Nos anos seguintes, fui me aprofundando mais no assunto. Acabei indo estudar no Conservatório Souza Lima, em São Paulo, e mergulhei cada vez mais fundo nesse papo de teoria musical e composição. E, quanto mais eu aprendia, mais conseguia diversificar minhas músicas e criar coisas mais interessantes.
Ouvimos toda hora histórias de gente que pensa assim e conseguem destaque, certo? Certamente essas pessoas existem! O que não ouvimos são as histórias de quem pensa assim e acaba não saindo do lugar. Quero compartilhar com vocês, então, cinco coisas em que a teoria musical me ajudou (e em que talvez possam ajudar você também):
- Entender as músicas já existentes: a grande maioria é facilmente explicada pela teoria, inclusive aquelas feitas por pessoas que não a estudaram;
- Trazer minhas ideias para o instrumento: quando eu tentava criar alguma música sem saber teoria, era muito difícil encontrar as notas que tocavam na minha cabeça. Hoje, já sei como fazer exatamente o que estou imaginando;
- Variedade nas músicas: quando você sabe o que é comum (e como fazer isso), fica bem mais fácil criar coisas incomuns!
- Ir até o fim com as músicas: antes de aprender a teoria, eu começava várias músicas, colocava um monte de ideias em sequência, ficava esquisito e eu não sabia como ir pra frente. Entender estruturação musical me ajudou a concluir minhas peças de forma muito mais tranquila;
- Comunicação com outros músicos: é BEM mais fácil se comunicar quando todo mundo fala a mesma língua. Se um instrumentista for gravar minha composição, será bem mais fácil ele ler a partitura que eu preparei para ele (ou até a tablatura, em alguns casos) do que eu ficar tentando mostrar o que eu quero. Se estivermos falando de orquestra, isso é essencial.
Quem acompanha a redação aqui do Pro Áudio Clube sabe que a Academia de Composição (parceira do Clube, pela qual escrevo) está com inscrições abertas para o curso Teoria Musical para Compositores até segunda-feira (23). Se for um conteúdo interessante para você, te convido a olhar os detalhes.
De todo modo, te pergunto: o que você acha de tudo isso? A teoria musical te ajuda ou te atrapalha? Deixe nos comentários!
Thiago Schiefer é um compositor de São Paulo. Focado principalmente em música e efeitos sonoros para games nos últimos anos, ele criou todos os sons para os jogos Drop Dead Twice e Staroids: The Odyssey. Atualmente está trabalhando em Eliosi’s Hunt e na próxima atualização de Drop Dead Twice.
Ele também lançou, como artista solo, os álbuns Prototype: Freedom (2013) e Living Room Sessions (2015). Hoje, além das trilhas e canções autorais, comanda o canal Academia de Composição, com dicas e tutoriais em vídeo e texto para compositores de todos os níveis.